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Neuroplasticidade:  como usá-la a nosso favor na gestação?

Neuroplasticidade: como usá-la a nosso favor na gestação?

Carolina Coe*

Que muitas alterações corporais acontecem na gravidez todos sabem, afinal, é visível o quanto o corpo se modifica nesse período. No entanto, pouco se fala sobre as mudanças cerebrais que ocorrem quando se gesta um bebê. Quem nunca ouviu uma gestante dizer: “depois que engravidei minha memória nunca mais foi a mesma", "meu raciocínio nunca foi tão lento", ou “uma atividade do trabalho que costumava ser rápida está me levando muito mais tempo"? E surge uma série de outras questões relacionadas à memória e ao raciocínio. Qual seria o sentido disso? Ficamos menos inteligentes quando engravidamos? 

Alguns estudos recentes realizados com imagens de Ressonância Magnética cerebral mostraram que, durante a gestação, há uma diminuição da massa cinzenta cortical, que persiste até aproximadamente dois anos após o nascimento do bebê. Analisando de maneira simplista, essa perda pode parecer um prejuízo, mas é possível que ela seja mesmo parte de uma reestruturação cerebral, onde as sinapses (conexões neurais) estão se reorganizando e se reajustando. 

Essas áreas cerebrais são principalmente as envolvidas nos processos de cognição social, que é basicamente como percebemos as pessoas e o mundo ao nosso redor e usamos essas informações para interagir. Ou seja, é como se o cérebro estivesse “afinando” suas conexões para preparar essa mãe para reconhecer melhor as necessidades de seu bebê, de acordo com seus gestos e expressões faciais. Apesar de ainda estarmos engatinhando nessas pesquisas, sabemos que há uma grande remodelação cerebral ocorrendo durante a gestação e pós-parto, preparando a mulher tanto para o parto quanto para a maternidade.

Assim, na gestação, a neuroplasticidade está a todo vapor, o que significa que o cérebro está se reorganizando, criando novas trilhas neurais e se reestruturando.

E apesar de a neuroplasticidade estar presente durante toda a vida, em alguns momentos pontuais ela é potencializada, como na primeira infância, na puberdade e na gestação. Isso nos mostra que o cérebro se molda e se readapta a cada grande mudança no ciclo da vida: quando passamos da vida intrauterina à vida extrauterina, da infância para a vida adulta e, por fim, quando nos preparamos para receber uma nova vida.

E como usar todo esse conhecimento da neurociência a meu favor na gravidez? Esses poucos momentos da vida em que há tantas mudanças cerebrais são também momentos de grande oportunidade de aprendizado e de adoção de novos hábitos. É como quando fazemos uma reforma em casa e aproveitamos para mudar o banheiro, aumentar a cozinha, adicionar um escritório.  Não quer dizer que essas mudanças não possam ser feitas fora do período de "reforma”, mas sem dúvidas, esse é um momento bem oportuno e propício para remodelar o que julgamos necessário. 

O pico de neuroplasticidade proporcionado pela gravidez nos dá a chance de adicionar, remover ou alterar hábitos, comportamentos, padrões de sentimentos, ou o que seja necessário, com maior facilidade.

E isso quer dizer que é um período em que podemos criar novas conexões e trilhas neurais mais facilmente, sejam elas saudáveis ou não. É uma janela de 9 meses de oportunidade para além de gerar a vida de uma criança, gerar uma nova vida para si mesma.

E como fazer isso? Você pode estar se perguntando. Sem dar muitas voltas, e sem complicações, afinal as demandas da gestação já são tantas, sugiro dois movimentos: buscar um Workshop GentleBirth e fazer uso do App GentleBirth Hypnobirthing. São duas maneiras simples e eficazes de preparação emocional e mental para a gestação, parto e pós-parto e que te darão ferramentas para que as mudanças ocorridas nesse período tão especial da vida sejam mais consistentes e positivas.


*Carolina Coe é Fisioterapeuta, Doula, Instrutora GentleBirth, aprendiz de parteira (Obstetrícia - USP) e surfista e amante da vida em movimento – @carolcoe



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