A Importância da Preparação Mental para o Parto no contexto de boas práticas de Assistência Obstétrica
Gisele Stroppa*
Quando vemos uma pessoa gestando é bem corriqueiro pensar em algumas coisas relacionadas à chegada do bebê, como acompanhamento pré-natal clínico, montagem do enxoval (fraldas, roupas, utensílios para amamentação e afins), porém na maioria das vezes, são itens físicos que não se relacionam diretamente ao estado mental dessa pessoa. E quando sugerimos a preparação mental para o parto é fácil encontrar a expressão de “ponto de interrogação” nos rosto, tanto das famílias quanto dos profissionais de assistência.
Quando me deparo com essas reflexões percebo que na maioria das vezes, não há em nossa atual cultura de assistência ao parto, a preocupação com o estado mental das pessoas envolvidas, e muitas vezes isso abre caminho para intervenções e processos negativos. Muitos dos relatos de violência obstétrica, por exemplo, mostram falta de preparo mental das famílias, somados à desatenção disso pelos profissionais de assistência. Entender como os processos mentais influenciam os processos físicos ainda parece ser conversa de poucos.
Investir na preparação mental durante a gestação é um passo muito acertado. Podemos ressignificar crenças e criar novos hábitos que irão contribuir na construção da melhor experiência possível de parto. Isso é aprendizado consciente que pode ser aplicado em qualquer momento da vida, dentro das mais diversas experiências, e pode contribuir muito com a construção de um novo contexto de boas práticas e assistência ao parto.
Trabalhar o controle mental, foco e atenção, e entender como o estresse e a ansiedade das pessoas influenciam seu comportamento e desempenho no momento do parto ajuda a encontrar as ferramentas corretas de manejo desse processo, aumentando a chance de ter uma experiência positiva pessoal, menor índice de medicalização, recepção mais gentil e menos traumática dos bebês, e até o aumento das taxas de aleitamento materno exclusivo posteriormente. Pontos muito importantes dentro das melhorias da assistência obstétrica.
Uma pessoa calma, confiante e no controle das suas emoções e reações, pode realizar escolhas mais conscientes e embasadas, construindo assim um caminho leve de aceitação, respeito e presença dentro do processo de gestação, parto e amamentação, o que sem dúvida é fundamental para a consolidação das melhorias nos cenários atuais de assistência ao parto, para as famílias e para os profissionais.