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Tudo e um pouco mais sobre preparação mental para o parto, gestação, puerpério e parentalidade.

E quando o bebê tão esperado não vai para casa?

E quando o bebê tão esperado não vai para casa?

Por: Beatriz Kesselring*

Quase toda chegada de um bebê é alegria para a família! É renascimento não apenas da mãe e do pai, mas de toda a família envolvida. Avós relembram seus partos e se emocionam com a família que cresce. Sobrinhos vibram com a chegada de mais um primo ou prima que serão futuros companheiros de brincadeiras.

A casa que vai receber o bebê cheira a tinta fresca, o quarto está pintado com cores aconchegantes, berço novo, lembrancinhas para as visitas, enfeite da porta da maternidade, roupinhas bordadas com carinho. A vida em família, nos dias que antecedem o parto, transforma-se em festa e ansiedade. Os santos e padroeiros são lembrados, velas e promessas iluminam os pensamentos dos mais devotos. 

O desejo em comum é que o bebê chegue forte e com saúde, e que a mãe tenha leite para alimentá-lo. Nas consultas de pré-natal não se falou sobre a imprevisibilidade da vida. No lugar da dúvida, todas as certezas foram garantidas. E o casal, cada um no seu silêncio, vive sobressaltos e  noites sem dormir quando pensam no que fariam se algo desse “errado”.

Não falamos com gestantes e mães sobre os bebês que vivem poucos dias ou alguns meses. Evitamos abordar este tema pois pode dar azar, pode ser macabro e levar a maus presságios. E com esse evitamento, o medo cresce e  o fantasma do insucesso ronda as famílias. Até o momento que se recebe o filho no colo e confere se o corpo está perfeito, se tem todos os dedinhos das mãos e pés, a incerteza é silenciosa. 

Felizmente, a grande maioria das gestações termina com partos emocionantes e famílias em festa. Mas, e quando o desfecho é não é esse? E quando a gestação termina após alguns dias do teste positivo? E quando se recebe a notícia, assim de supetão durante um ultrassom obstétrico, que o coraçãozinho não está batendo mais? 

E quando o enfeite da porta da maternidade não é pendurado e as lembrancinhas ficam esquecidas em algum canto da casa? O impacto é tão devastador que é comum as pessoas se afastarem. Sem palavras, sem abraços e sem acolhimento, a mãe, pai e avós e irmãos se afastam do meio social.  

A sensação é de estar caindo num abismo e que será difícil sair do buraco escuro do luto recente, é assim que as mães enlutadas se referem às perdas perinatais que vivenciaram. 

Claro que as pessoas tentam ajudar, mas muitas vezes não sabem como. Vivemos numa sociedade que esconde a tristeza e a imponderabilidade da vida. Muitos vão buscar frases prontas que, na verdade, potencializam o desamparo dos pais. “Pelo menos ele não sofreu”, “você é jovem e poderá ter outros filhos”, “seja forte, bola pra frente’ e por aí vai…

Enquanto profissionais que escolhemos estar ao lado da mulher e de sua família, temos a responsabilidade de permanecer próximos também nos momentos difíceis. E como saber o que fazer já que falar sobre morte e finitude quase não entra nos currículos das graduações da área da saúde? Como saber como intervir frente às perdas perinatais e parentais? Seja orientando algumas medidas de conforto, seja antecipando ações sobre o sepultamento, sobre como guardar recordações do bebê ou fotos. Em algum momento, no futuro, as fotos do bebê serão recordações importantes. 

No luto recente, as técnicas de meditação guiada e de visualização podem ser muito positivas. Para muitos casais, nas primeiras semanas após a perda, pode ser difícil sair de casa e enfrentar o mundo lá fora. Pode levar algum tempo até se buscar um terapeuta especializado em luto para iniciar o acompanhamento. Neste momento, o contato com a Instrutora GentleBirth capacitada para agir em situações de perda perinatal, assim como o uso do aplicativo GentleBirth Hypnobirthing é fundamental também nos momentos em que nos deparamos com a inesperada finitude da vida de um bebê.

* Beatriz Kesselring é Mestre em Enfermagem Obstétrica pela EEUSP, especialista em Teoria e Técnica em Psicanálise pelo IPUSP, sócia-fundadora do @nucleocuidar.sp e está concluindo o Curso de Educação Perinatal GentleBirth.

Não empurre! Respire o seu bebê!

Não empurre! Respire o seu bebê!

“A gestação é uma jornada de dentro para fora”

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