GentleBirth: Vivendo uma Experiência de Parto Positivo
Efigenia Freitas*
A vivencia da gestação é uma experiência única na vida da mulher, devido as múltiplas alterações bioquímica, fisiológica, psicológica e emocionais, levando a gestante há uma montanha russa de emoções que transitam entra a felicidade, alegria, prazer e o medo, a insegurança, ansiedade, e incertezas quanto ao futuro que se aproxima, o momento do parto, o nascimento, a responsabilidade do cuidar de seu bebê, o seu papel de mãe. Considerando essa montanha russa de emoções, o GentleBirth trabalha com a lógica de que o parto deve ser uma experiência positiva para a mãe e para a família que nasce.
No modelo de consultoria GentleBirth devemos levar o casal a conhecer mais sobre a gestação, quais modelos de atenção e preparação, compreender a fisiologia do parto e das emoções envolvidas nesse período valorizando as particularidades de cada experiência acompanhada. O casal poderá passar por treinamento usando as ferramentas e técnicas adequadas e vivenciarem o trabalho de parto, parto e nascimento do seu bebê de maneira transformadora, desde que adotem e apliquem os exercícios, as técnicas de preparo mental, o apoio do acompanhante de parto, as técnicas de Mindfulness, foco, concentração, assim poderão viver um parto positivo.
A ESCOLHA DA VIA DE PARTO
Uma grandes dificuldades das mulheres na gestação é a escolha da via de nascimento, ou via de parto. Culturalmente, podemos destacar em nossa sociedade duas redes distintas que podemos denominar de "rede de apoio e rede de agouro", na rede de apoio encontramos pessoas, geralmente em informadas, que estão disposta a apoiar e respeitam a decisão do casal, e quando se sentem a vontade, ou até mesmo têm a liberdade de orientar, repassar informações e influenciar de maneira positiva na escolha do casal.
Por outro lado temos a rede de agouro, caracterizada pelas pessoas que remetem a história de parto desastrosas, que enfatizam o que é ruim, o negativo, o sofrimento, a dor, e desferem palavras negativas, que colocam em dúvida a capacidade da mulher de parir os seus filhos.
Esse comportamento pode despertar, no cérebro, a amígdala, um centro no sistema límbico, que detecta uma emergência e recruta o resto do cérebro para o seu plano de emergência. Enquanto o nosso cérebro pensante, o neocórtex, ainda não percebeu o que está acontecendo. Esses sequestros não são específicos de incidentes graves e horrendos que levam a crimes brutais, ocorrem também conosco com muita frequência quando perdemos o “controle” e explodimos com alguém, com parentes, colegas de trabalho, no trânsito, e depois ficamos até perplexos com as nossas próprias atitudes irracionais.
No caso da gestante, que carrega ainda a incerteza quanto a via de parto, o medo da dor, a insegurança, a memória de experiências ruins de parto que vêm dos sentidos permitem que a amígdala faça uma varredura de toda experiência, em busca de problemas. Isso a põe num poderoso posto na vida mental, alguma coisa semelhante a uma sentinela psicológica, desafiando cada situação, cada percepção, com apenas um tipo de pergunta em mente, a mais primitiva: É alguma coisa que odeio? Isso me fere? Alguma coisa que temo? Caso seja real, e a reposta seja um sim, a amígdala reage instantaneamente, como um fio de armadilha neural, telegrafando uma mensagem de crise para todas as partes do cérebro. “A memória emocional pode ser um repositório de impressões emocionais e lembranças que jamais conhecemos em plena consciência.” Assim sendo fica evidente a importância do preparo mental do casal para o parto.
TREINAMENTO DO CÉREBRO PARA O PARTO
No modelo GentleBirth os casais são levados a treinar sua mente na abordagem do Mindfulness, e aprendem a prestar atenção de propósito, ou de forma intencional, na experiência presente, com curiosidade e intenção de estar com o que é naquele momento. Fazer com consciência plena em detrimento do "estar no piloto automático", criar o hábito de "estar" presente naquele momento. Aprender a manter o foco, ter visão plena, prestar atenção, estar atenta intencionalmente.
O treinamento mental para o parto induz o casal a tornar-se presente para a consciência do momento presente. Os pensamentos não são fatos, cerca de 80% das coisas que pensamos jamais acontecem, nossa mente é viajante do tempo, cerca de 40% do tempo nossa mente está no passado, relembrando fatos e histórias que estão em nossa memória, ou no futuro preocupados com o que ainda não aconteceu, enquanto 60% da nossa mente está no presente, porém transitando entre o "piloto automático" e o despertar para a consciência do momento presente.
Neste tipo de treinamento o Mindfulness da compaixão pode ser usado, onde o foco deve estar voltado para coração e mente plena em uma estratégia da compaixão e empatia. A educação do amor e da bondade. A mente deve ser levada para a imaginação de alguém que você ama com afeto sincero, e este amor e afeto deve ser estendido para outras pessoas, e tomar todo seu pensamento transformando em amor, ternura, afeto, bondade, repetindo palavras e sentimentos afirmativos: que você esteja saudável e feliz, que você esteja seguro e tranquilo, que você esteja bem.
Saboreie esses sentimentos, sem pressa, com consciência do entorno, do que nos cerca, olhar, sentir, cheirar, permitir a consciência da realidade, trazendo a mente de que pensamentos não são fatos, são histórias que contamos para nós mesmas.
A proposta, neste sentido, é remodelar o cérebro, na busca de desconectar do sofrimento e descobrir a felicidade. Porque as pessoas se alimentam de grandes porções de angústia, o "sofrimento adventício" a dor que já foi, que fica armazenado em nosso depósito da memória emocional, na amígdala cerebral que é o centro do sentimento, assim ao treinar o cérebro para criar diferentes circuitos de pensamentos e conexões entre altruísmo, saúde e felicidade, a serem vivenciados no parto e nascimento.