Gestante Imigrante – trabalhando a Resiliência Materna num universo diverso
* Isadora Carreiro
Existem momentos na vida que algumas fronteiras são rompidas, por ofertas de emprego, pela vontade apenas de conhecer outros lugares, acompanhar um novo amor, ou simplesmente poder manter e proteger a vida e a de seus familiares fugindo de uma guerra. Nesse processo de mudança, muitos pensamentos ocorrem sobre como esse novo país irá receber, como será falar uma nova língua, como se adaptar a essa nova cultura.
São muitas novidades, necessárias descobertas e adequações dentro desse novo país. E muitas vezes, além de todas as descobertas ordinárias, uma gestação passa a apresentar um novo fluxo de insegurança, novidades e de choques culturais.
O que fora idealizado para ser um momento cheio de alegrias, companheirismo e plenitude, fica parecendo mais uma dificuldade dentre tantas que a imigração apresenta. Em momentos como os atuais, a realidade fica ainda mais dura, não sendo possível contar com a família ou amigos.
E tudo isso ainda se amplia se pensarmos na diferença cultural e na barreira linguística. Não ter ninguém para falar na mesma língua ou não sentir a mesma empatia na relação já causam um certo desconforto.
Esses desconfortos acabam consumindo uma energia absurda da gestante que passa a se perder em visualizações negativas, e tendo que lidar com um novo quadro de informações oficiais e como em um novelo de lã os pensamentos e medos começam a embaraçar todo o gestar.
Em uma situação como essa é que ainda se faz mais importante o acompanhamento com uma Doula e poder usar a metodologia do GentleBirth para aliviar esse processo. Recompor a confiança dessa mulher e aliviar os pensamentos repetitivos e desfocados da realidade cultural existente é um trabalho (árduo) necessário, em um contexto tão desafiador.
A prática regular do mindfulness se faz importante nesse momento. Poder recuperar a regulação emocional e fortalecer contra todo o estresse do momento são possibilidades que acabam permeando outras áreas da vida.
Manejar a ansiedade e criar resiliência emocional são fatores preponderantes para que essa gestante possa atravessar o Trabalho de Parto sem medo e sentindo mais completude.
Claro, que a participação em um Workshop GentleBirth seria a melhor opção, poder passar por todos os ensinamentos e vivenciar a Hipnose, o Mindfulness e os exercícios em uma imersão muito conectada. Mas, caso não seja possível, a melhor forma de se ajudar a chegar nesse lugar de controle e foco é usar o app e criar a sua aldeia.
E para isso, busque apoio com uma Doula, que, se possível saiba falar a sua língua materna, para poderem conversar sem intérpretes. Isso possibilita uma maior conexão e também uma relação mais firme de confiança e empatia.
Além disso, busque grupos de mulheres que te fortaleçam, trabalhe com esses grupos a possibilidade de serem rede de apoio das outras, converse com o seu parceiro sobre Trabalho de Parto, intervenções e busque informações sobre como é o parto e a assistência no local em que você vive agora.
Estar segura com informações de qualidade, manejando a ansiedade e possibilitando um melhor preparo para parto, com certeza melhoram as percepções desse momento a ser vivido, bem como colaboram para uma melhor adaptação ao pós-parto.
Isadora Carreiro é doula, trabalha com assistência à gestação, parto e pós parto em Gotemburgo e região. Você encontra a Isadora no Instagram @isadoula.sweden