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Tudo e um pouco mais sobre preparação mental para o parto, gestação, puerpério e parentalidade.

O parto em uma sociedade patriarcal

O parto em uma sociedade patriarcal

*Luiza Teixeira

Se o parto é um evento de pico que pode mudar a vida de uma mulher – positiva ou negativamente – de forma permanente, por que é ainda algo permeado por condutas desatualizadas e por desinformação?

Sabemos que por muito tempo o parto foi conduzido exclusivamente por mulheres, que o enxergavam como um evento natural e fisiológico e que, via de regra, não demandava de intervenções. Porém, com o advento da medicina moderna, o protagonismo da mulher tanto em seu papel como profissional do parto, como em seu papel de parturiente foi sendo negligenciado, e a visão que passou a imperar foi a da medicina intervencionista, que enxergava o parto como um evento patológico.  O parto, portanto, passou a ser conduzido por médicos homens cujas condutas usuais não se baseavam necessariamente em evidências, mas sim no que lhes era mais conveniente para sua atuação. 

Maíra Libertad, uma renomada enfermeira obstetra brasileira, afirmou recentemente que a obstetrícia é uma das áreas da medicina em que mais se atua em desacordo com as evidências científicas, a despeito dos avanços da ciência. Por que isso ocorre?

Vivemos, ainda, em uma sociedade patriarcal e sexista, que – ainda que muitas vezes veladamente – enxerga e trata a mulher como pessoa de menor valor, cujos direitos não são sequer reconhecidos, quem dirá respeitados. E isso se reflete em todas as esferas da vida das mulheres, inclusive quando elas estão gerando e parindo seus filhos. 

O movimento pela humanização do parto está intrinsecamente conectado ao movimento pela garantia dos direitos básicos das mulheres e das crianças. E a maneira como esses direitos são enxergados diz muitos sobre a sociedade em que vivemos e sobre o caminho que ainda precisamos percorrer para nos desenvolvermos enquanto membros dessa sociedade.

O parto respeitoso está diretamente relacionado à dignidade da pessoa humana, fundamento constitucional do nosso país que visa promover a redução das desigualdades, inclusive a de gênero, e a prevalência dos direitos humanos de todas as pessoas, sem qualquer distinção. Portanto, é preciso que compreendamos que ofertar à mulher gestante atenção à saúde de qualidade, com informações atualizadas e tratamento digno é dever dos profissionais que nesta área atuam. Permitir que a gestante faça suas escolhas de forma consciente e informada, garantir que ela possa parir de forma respeitosa e dar-lhe apoio para que ela confie na capacidade do seu corpo em gerar e trazer ao mundo um outro ser deveriam ser condutas óbvias e intrínsecas à atuação dos profissionais da saúde, mas este, infelizmente, ainda não é o cenário que encontramos na área da obstetrícia. E não será possível mudar esse cenário sem enxergarmos e combatermos a maneira como nossa sociedade é estruturada e as desigualdades e violações de direitos que ela permeia. 

O movimento pela humanização do parto já avançou muito, mas há ainda muito a se fazer, sobretudo no que tange à mudança de mentalidade (mindset) dos profissionais envolvidos com o parto e das próprias mulheres e famílias, para que estas estejam equipadas para questionar o status quo. O GentleBirth apresenta-se como uma importante ferramenta nesse sentido, oferecendo uma mudança na maneira de se encarar não só o parto, mas qualquer momento desafiador de maneira focada, equilibrada e saudável. Ao promover a calma, a confiança e o controle, o GentleBirth ajuda a empoderar as mulheres a confiarem em si, fortalecendo-as a demandarem seu direito à dignidade durante a gestão, no parto e ao longo de suas vidas. 


*Luiza Teixeira possui formação em Direito, com mais de 10 anos de experiência profissional na área de Direitos Humanos. É doula, educadora perinatal, consultora em amamentação e concluiu a formação para se tornar uma Instrutora GentleBirth.

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