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Tudo e um pouco mais sobre preparação mental para o parto, gestação, puerpério e parentalidade.

O uso de Mindfulness na gestação e no trabalho de parto

O uso de Mindfulness na gestação e no trabalho de parto

Por: Karise Woiciechoski*

Uma avalanche de mudanças acontece na vida de um casal que engravida. É impressionante como o “positivo” no teste, dispara vários gatilhos: “vou dar conta?”,  “como vou organizar tudo?”, “vamos precisar de uma casa maior”, “e se meu outro filho ficar com ciúmes”, “tomara que o bebê seja saudável”, “como vai ser o parto?”, entre  muitos outros pensamentos aparecem. 

E não é pra menos, trazer um ser humano ao mundo é uma tremenda responsabilidade. É um evento sem precedentes na vida de uma pessoa, nada pode ser comparado ao gestar, parir e criar. O amor vem preenchendo cada espacinho e facilitando tudo, mas mesmo assim, continua sendo uma tarefa desafiadora.

Nos nove meses em que o bebê de desenvolve, se formam também os papeis materno e paterno. E a qualidade do que se vive nesta fase influenciará a vida psíquica deste bebê, suas relações consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

Eis a importância de que o casal que vive sua espera, receba suporte e informações adequados para uma vivência de qualidade. Entre as ferramentas disponíveis, temos o Mindfulness.

Segundo Jon Kabat-Zinn mindfulness é “a consciência que emerge quando prestamos atenção de propósito no momento presente e sem julgamento”. Esta consciência pode ser treinada através de exercícios meditativos específicos (as práticas de mindfulness), onde a pessoa é convidada a estar presente de forma “observativa” e não julgadora da sua experiência interna (pensamentos, emoções, sensações físicas) e externa (sons, temperatura, cheiros).

Quais os ganhos em exercitar a atenção plena? Passamos a nos relacionar de maneira diferente com nossas experiências. Ao invés de respondermos do modo habitual: reativo, aprimoramos a capacidade de observação distanciada do que se manifesta.

Essa observação nos possibilita termos escolhas, por exemplo de nos deixar levar ou não por nossas emoções, de acreditar ou não em nossos pensamentos, e de optar por um comportamento mais funcional.

E como tudo isso se aplica na parentalidade? Bem, como mencionado anteriormente, a gestação e o trabalho de parto são experiências desafiadoras e às vezes nova para os pais, consequentemente repletas de pensamentos e emoções. Com a prática regular de mindfulness os pais poderão estar mais conscientes do que está acontecendo em sua experiência e portanto terão mais condições de realizar escolhas assertivas ao invés de serem levados por pensamentos catastróficos e por emoções como o medo.

Além disso, as habilidades treinadas durante a gestação poderão ser desfrutadas também no pós parto, na adaptação com o bebê, na amamentação, e influenciarão diretamente na qualidade do vínculo com essa criança que cresce e se desenvolve.

Pais mais conscientes têm mais oportunidade de rever suas condutas, de estudar suas reações automáticas, de se conectar com os filhos, inclusive dando mais suporte às emoções desafiadoras que eles manifestam.

Bastam alguns minutos por dia, de forma regular, para que um praticante iniciante sinta benefícios. Não há mágica, as alterações podem ser explicadas pela neurociência, através da neuroplasticidade que é a capacidade que o sistema nervoso tem de adaptar-se e moldar-se quando submetido a novas experiências.

Os pais GentleBirth aprendem sobre o que é mindfulness e recebem suporte para incorporar os exercícios em sua rotina. Recomendamos o uso do aplicativo GentleBirth, onde estão disponíveis práticas que podem ser realizadas diariamente: Mindfulness na Respiração, Meditação de Ancoragem, Casulo de Calma, são algumas delas. 

Uma gestação, parto e parentalidade positivos não são vivências acidentais ou meros privilégios, exigem estudo, reflexão e dedicação. Conquistar essas habilidades nos torna pais melhores, mas principalmente seres humanos melhores. 

MEU RELATO DE PARTO:

Agora vou contar-lhes como foi meu próprio parto. Conclui a minha formação no dia 6 de janeiro de 2021 e neste mesmo dia iniciei o trabalho de parto.

No dia 06/01 Elis deu sinais de chegada, de manhã meu tampão desceu. Seguimos o dia e às 22 horas minha bolsa rompeu. Eu mal podia acreditar que estava perto de conhecer minha filha. Avisei a Joice (nossa enfermeira obstetra maravilhosa) e o Rafa. Estava calma pois sabia que poderia demorar para o trabalho de parto iniciar.

E elas chegaram, as temidas contrações. Vieram fortes desde o início e lá estava eu, 23:30 entrando na viagem mais louca da minha vida. 

Cada contração que chegava era um susto, você estuda, se prepara, mas teu corpo e tua mente não conhecem aquela sensação, resisti no começo até que a Joice falou: respira! E aí achei na respiração um jeito de “surfar” cada onda de sensação que vinha. 

Tudo indo, dia amanheceu e lá estávamos nós: água, cama, massagem, bola, e uma “onda” de cada vez. Lembro de ter tido pensamentos como: “só dura 60 segundos” “posso aguentar qualquer coisa por um minuto” “cada onda empurra a Elis pra mais perto”. 

Com o clarear do dia vieram também os puxos. Uma vontade animalesca de fazer força. Nessa hora a força que fazia me trazia certo alívio. Seguimos firmes. Até que comecei a cansar. Nesse momento me desconcentrei e comecei a questionar se eu conseguiria. Estava exausta. Falei pra equipe que achava que o processo não estava evoluindo, elas garantiram que sim e a bebê estava bem e estável. Se minha bebê estava  bem, quem era eu pra desistir? 

Consegui me concentrar de novo e voltar para a maravilhosa “partolândia”. E aí foi o momento derradeiro, sabia que não tinha mais muita energia, cheguei a pensar em desistir. Lembrei tanto da corrida. Dos momentos perto da linha da chegada e lembro de pensar: hora do sprint! 

Fiz toda força que pude e algumas contrações depois a cabeça da Elis começou a aparecer. Quando me mostraram a foto dela surgindo. Embarquei na próxima contração com toda força que ainda restava. E Elis veio pros meus braços. 

Lembro de ter dito pra ela: “oi filha!!! Nós conseguimos, a gente conseguiu meu amor!!!”

Elis nasceu com 2840kg, 47 cm. Às 11:52 do dia 7 de janeiro. Seu posicionamento estava em OS, (sua cabeça estava virada pra frente quando deveria estar pra trás), e por isso a fase expulsiva se estendeu mais.  

Levou dias para a ficha cair e processar tudo o que aconteceu naquela noite e naquela manhã. Acredito que eu ainda esteja processando. 

O que posso dizer hoje? Eu achava que conhecia minha força, mas acessei um lugar dentro de mim que não poderia ter acessado por outra via. Minha maior alegria é ter trazido a Elis ao mundo de maneira respeitosa e natural, um caminho que a gente fez juntas. Essa é a história dela, que começa com FORÇA. 

À minha equipe maravilhosa Grasi e Joice, e todos os profissionais que me acompanharam na gestação. Meu eterno agradecimento. 

Ao meu companheiro maravilhoso Rafa, minha gratidão meu respeito e meu amor. 

Acrescento que a construção do meu “kit de ferramentas” foi essencial pra ter conseguido trazer a Elis da maneira como gostaríamos, no conforto da nossa casa.🌻

* Karise Woiciechoski é mãe de Elis, Psicóloga Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental em Chapecó (SC) e Instrutora de Mindfulness e GentleBirth. Você pode encontrá-la no Instagram no perfil @karise_woiciechoski. E sim, a foto linda que ilustra o texto é do parto da Karise e da Elis!

Se você quiser saber mais sobre elas, acesse o podcast GentleBirth em Português e ouça logo abaixo o relato poderoso da Karise.

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