Tenho Medo de Sentir Muita Dor no Parto… E Agora?
Aline Melo*
Recebo muitas frases como essa e sinto muito que várias mulheres que se fazem essa pergunta não recebam as melhores respostas. Elas acabam definindo suas escolhas do tipo de parto que terão sem esse retorno. Hoje quero trazer uma possibilidade de resposta, para incentivar reflexões e ajudar a pensar sobre o tema da DOR.
Temos muitos mitos construídos pela nossa sociedade sobre parir, as histórias terríveis de sofrimento e desfechos negativos são os mais difundidos e que mais contribuem pra esta sensação de desespero sobre a dor.
Porém venho te dizer que quando você se informa, estuda sobre o parto, as formas de alivio da dor, conhece um “outro mundo incrível” de sensações que o parto propicia. Você acaba percebendo que a dor do parto é uma porcentagem muito pequena de toda a grande experiência que é parir. E você entende tão bem a função da dor, que ela vai se tornar sua parceria de jornada, mas não seu foco principal na experiência de parir.
Assim a dor do parto deixa de ser uma inimiga a ser combatida. Ela é acolhida, ouvida, e com opções pra transformá-la de sofrimento para jornada. Você sabia que é a dor quem vai te permitir escolher a melhor posição para parir seu filho, que movimento fazer e como fazer? Por isso a importância de senti-la como um sinal amigo do seu corpo. O medo do parto normal pode ser desmistificado quando entendemos o seu significado, quando usamos a dor a nosso favor!
Muitas mulheres falam: “mas eu não aguento nem uma dor de cabeça!” Mana, entenda: uma dor crônica diz que algo errado está acontecendo e que você tem que se “preocupar’. No parto não! A dor é aliada no processo de trazer seu filho ao mundo; ela é intermitente (não é contínua); uma dor que você sente 45 segundos e depois tem 3 minutos de relaxamento. Em 10 minutos você teve no máximo 3 de dor e 7 de uma cascata de hormônios de relaxamento e prazer incríveis! Isso ninguém reforça e conta. Entenda que não te contaram tudo sobre a dor do parto.
Não te falaram que ela tem intervalos e intensidade variável de acordo com as etapas do parto e a sensibilidade de cada mulher. E que além disso, existem muitos métodos não-farmacológicos para o alívio da dor como massagens, florais, hipnose, reflexologia, acupressão, água quente, enfim, muitas opções até o uso da anestesia quando necessário.
Eu sei que pesam o medo de viver violências obstétricas, encontrar profissionais que não te apoiem, ou ainda que o seu parto se tornar uma cesariana intraparto, mas olha: temos que aprender a controlar o controlável, no caso VOCÊ.
Estudar, praticar exercícios de atenção plena, construir seu plano de parto, saber exatamente onde você quer chegar e COMO, já aliviam a ansiedade e a tensão, e favorecem a sua experiência positiva de parto. Uma cesariana intraparto ocorre em uma porcentagem pequena de experiências. De qualquer forma, entrar em trabalho de parto trazem inúmeros benefícios para mãe e para o bebê – benefícios indispensáveis para serem jogados fora!
Então antes de desistir de viver esta experiência tão saudável e respeitosa pra você e para seu bebê, não deixe de procurar uma instrutora Gentle Birth e tirar todas as suas dúvidas.
Com amor,
Aline Melo
*Aline Melo é mãe, doula, terapeuta e certificada GentleBirth. Você encontra a Aline no Instagram @alinemeloterapeuta