"Um preparo mental positivo leva a experiências mais positivas"
Carina Silveira Pimentel Bastos *
O imaginário feminino de muitas gerações, ao longo do tempo, é sobrecarregado de mitos, medos e inseguranças acerca da gestação e, principalmente, do parto.
Medos que relacionam o parto com extremo sofrimento físico, a dor como castigo divino e elevam a busca por fuga do parto em sua forma natural e fisiológica.
O desenvolvimento no cuidado ao ciclo gravídico puerperal atualmente traz ferramentas de preparação mental que libertam a mulher desse medo, realizando uma "limpeza de arquivos" e permitem a mulher assumir controle das suas emoções, reaver o seu protagonismo e criar uma nova conexão com os processos do corpo, trocando a dor e o medo, por alegria e até mesmo prazer.
Toda mulher pode parir de forma confortável e gentil, com uma preparação adequada ao tipo de experiência de parto nascimento que ela deseja vivenciar.
Um preparo mental positivo leva a experiências mais positivas.
Deixe-me usar de um exemplo pessoal que ilustra essa relação e como nossa mente pode intervir em nossas respostas de comportamento.
Na minha primeira gestação busquei por informação adequada, direcionada para escolhas conscientes e para minha vivência pessoal de parto. Compreendia das fases do trabalho de parto, dos cuidados adequados com o recém nascido e das características do puerpério. Isso esvaziou em minha mente a "caixinha do medo" de viver esse momento mesmo sendo a primeira vez. O desfecho foi uma linda e prazerosa experiência de parto natural.
Em minha segunda gestação passei pelo período como uma doula atuante e envolvida em causas contra as violências obstétricas e assim eu fui novamente (sem perceber) enchendo minha "caixinha do medo" sem reservar um tempo para descarga mental ela logo ficou lotada.
Reconhecer e fugir da violência, me auto defender e defender a minha cria, foram os mecanismos desenvolvidos ao longo da gestação. Logo, no momento do meu parto, com a mente sobrecarregado de relatos tristes, revoltantes e até mesmo aterrorizadores, ao dar entrada na instituição hospitalar já com 8 cm de dilatação e sem a presença de um acompanhante, entrei em crise de ansiedade generalizada e sem poder expressar qualquer outra argumentação fui levada a uma cesárea, extremamente traumática.
As reviravoltas mentais no parto são tão imprevisíveis quanto as reviravoltas físicas por isso é necessária a atenção ao fortalecimento da autoconfiança, do autoconhecimento e do autocontrole.
Nossa mente é um filtro de experiências, ela quem nos dá a percepção positiva ou negativa do que vamos vivenciar durante o parto. É nela que ficarão gravadas as memórias. É dela que precisamos para conquistar o empoderamento ao adentrar a maternagem no ciclo de nossas vidas.
A busca ideal é por um preparo tríade que possa alinhar o conhecimento COGNITIVO com a preparação MENTAL abrindo os meios de se permitir que a natureza feminina -que é especialmente projetada para gestar, parir e nutrir - possa por si trabalhar no âmbito FÍSICO.